sexta-feira, 4 de março de 2011

Por favor...

e quando as armas se calaram
e os corpos se contaram,
jazias amigo, curvado
entre a vida e o sol posto.
Entranhas abertas,
gemido forte,
olhar vidrado
fixado na morte.
Máscara de sangue.
E foi então,
todo em tremor,
num ultimo estertor
abrindo a mão,
(esgar de dor),
me pediste;
por favor…
entrega isto
ao meu Amor.
(e de mansinho, lá te foste!!!)

(azor)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Prece

Mãe,
deixa que deite
minha cabeça em teu regaço,
que sinta teu colo como um pedaço
do tempo que não vivi
e do qual sempre senti
a minha presença em ti
e em mim, tanta vez a tua ausência.

Mãe,
deixa que lembre
o tempo em que me ensinavas
no canto da cozinha nua
sem mais nada
mas tão aconchegada,
as coisas que comigo falavas
as lições que sempre me davas
e as preces que muito rezavas.

Mãe,
deixa que sinta
a tua ausência feita presença,
o teu exemplo feito esperança,
a tua vida feita lembrança
na doçura do teu rosto,
qual imagem do sol posto
na calma do entardecer
da vida, de quem tão bem soube anoitecer.


Mãe,
agora que já partiste
desta vida que tanto amavas,
levando contigo a bondade
deixando comigo a saudade
faz com que esta prece, sendo minha
termine como tu também.
Seja feita a Tua vontade,
por todo o sempre,
Amén!!!
                            
                            (azor)

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ser Poeta

Ser poeta
é pertencer
e não ser
de lado nenhum.
Ser poeta
é ser
de todos os lados.
Ser poeta
é viver
e não estar
nem cá nem lá,
nem aqui nem acolá,
é ser nuvem.
Ser poeta
mesmo sendo nada,
é alma gémea de Deus.
Ser poeta
é amar
muito, muito
mais e mais
cada vez mais,
sempre,
tudo.
Ser poeta
é ter
no vazio
as mãos abertas
e prender as miragens
que o sonho arrasta.
Ser poeta
é ver
não importa com que olhos
os secretos desejos da alma.
Ser poeta
é desvendar,
é ler,
é aprender
nas entrelinhas da vida.
Ser poeta é não ter cor,
um poeta
é todas as cores,
é arco iris.

Ser poeta
é festa,
é alegria,
é sofrimento,
é sentimento.
Ser poeta
é estar par
na solidão,
porque um poeta
por mais impar que seja,
nunca está só!!!!

Azor

terça-feira, 1 de março de 2011

A Caixa da Música

Tomei de assalto
a caixa da música,
encontrei a ordem
toda em desordem.
Invoquei as musas,
percorri a escala
de fio a pavio.
Dedilhei o ré,
afinei o si,
troquei o dó
pelo tom de mi.
Separei as fusas
das colcheias e breves,
acertei o passo
ao ritmo do compasso.
Convenci as claves
de sol e de fá
que a trova do tempo
se toca em lá.
E quando ao fim do dia
enquadrei os tons,
senti tudo feito
e fiquei satisfeito,
libertei os sons
e rendi-me à melodia!


(azor)