deixei escrito

 

ao sabor do vento

 

o que o ventou levou,

 

e o que ficou...

 

foi a tinta que secou!!!

 

                                             Imperfeita...

 

Compus

a música...

que nunca te toquei

 

Escrevi

o poema...

que nunca te li

 

Enviei

o beijo...

que nunca te dei

 

Abracei

o teu corpo...

que nunca vi

 

Ofereci-te

a paz...

que nunca tive

 

e Tu

fazendo em mim...

o homem que nunca fui!

 

O quê?

Do mar

a tirei.

Numa mão

a prendi,

com a outra

afaguei.

Olhei,

tornei a olhar...

mirei,

remirei,

e não achei

ponta por onde pegar.

Deixei então assim ficar

e o mar,

tornou a levar.

 

                          (e eu, voltei novamente a pescar!!!)

 

 

A Caixa da Música

 

Tomei de assalto

a caixa da música,

encontrei a ordem

toda em desordem.

Invoquei as musas,

percorri a escala

de fio a pavio.

Dedilhei o ré,

afinei o si,

troquei o dó

pelo tom de mi.

Separei as fusas

das colcheias e breves,

acertei o passo

ao ritmo do compasso.

Convenci as claves

de sol e de fá

que a trova do tempo

se toca em lá.

E quando ao fim do dia

enquadrei os tons,

senti tudo feito

e fiquei satisfeito,

libertei os sons

e rendi-me à melodia!

 Azor